Miguel Ângelo

Quem sou eu

sexta-feira, setembro 30, 2005




Dez rebentos, mil anseios,
Três raízes e um desfoco de imagens.
Um passeio de passagens,
É passeio,
Desvaneio,
Só não creio que o outro seio seja prudente ao ser contente,
Só não creio que o outro tempo seja atento ao evento que não é.
E o monte que passei à pouco não tem vida,
Não tem ferida,
Tem comida.
A Serra lá p'ra cima está despida,
Arrepiada,
Ensurdecida.
Não tem piada a engraçada da estrada distraída.
Um monte de vidas emparelhadas,
Enxovalhadas,
Encaminhadas.
Um monte de curvas, sustentos, passagens,
Um monte de saltos, tempos, bagagens.
Entre sombras e comidas
Ouvem-se cheiros e saídas,
São caminhos,
São descidas, remendadas e benzidas.
Quatro patas outro sítio
e o desvio que ninguém viu.
Quem nao fala já falou,
já não disse, já cantou,
Quem comenta só inventa.
Uma paragem,
Uma estação,
Outra casa outra canção.
Com esta recta um infinito,
É extremo o piso,
É outro atrito.
E a remar vamos andar,
São outras rodas n'outro lugar.
Só tenho pena da gemada, da coitada da entrada que apita sem pitada,de qualquer que seja a razão.
É deixar quem se queixar,
É olhar quem nos brilhar, é ofuscar.
Sugando o alcatrão que nos cabe e sai da mão,
Avista-se e despista-se,
A chegada que anseio,
E não creio..... (que não mude este roteiro)


Miguel Ângelo

quarta-feira, setembro 28, 2005



suando pedrinhas de algodão preto...

cada dia, cada medo, cada vez mais a luz me voa.....

Miguel Ângelo






Fica...
Sente que devagarinho ensinas meu rosto subir,
Sente que devagarinho meu rosto sobe.
Sente que a voz minha ainda viajante
Já se prepara, já culminante não se fazendo ouvir aos olhos de corpos riscados,
Abranda,
Sobrepõe-se à varanda que todos preferem espreitar,
Já se prepara,
P’ra ficar...
FICA...
Tenta perceber que o poço inexplicável que me mostra, não tem água,
Tem outro,
Tem diferente.
Tenta perceber o meu cheiro pequenino que agrafa sonhos de papel,
Tenta ter,
Tenta tentar,
O próximo dia pede p'ra ficar,
A próxima semana, o próximo ano,
O próximo salto num colchão de molinhas danificadas,
O próximo esvoaçar de penas antes presas até à próxima vida.
Fica.
Deixa-me sentir o teu abecedário de forma inconsciente.
Deixa-me confirmar que há "copinhos de cristal",
Que existe outro
Que existe diferente/especial.
Deixaste-me longe,
Pintaste-me certo,
Agora Fica...
Vê que é perto o caminho distinto,
Vê que podes pisar o que piso, sem medo nem griso,
Vê que o nunca está farto de andar, e são poucas/loucas nossas as poças que a inocência vem criar.
Acorda, pois a corda tende rasgar.
Não pares!
Não tires!
Cheira um pouco de mim/de ti,
Vais ter tudo, vais ser mudo, vais ser sonho desnudo,
Vais querer que a estrada acentue, e que a chuva destrua o que eu não pude.
Não durmas. O tempo não quer,
São 21 horas e 54 minutos, em simultâneo 47 segundos,
Apressa-te. Ainda estamos em dois MUNDOS.
Não há vento. E os medos são fungos.
Fica de vez...
Nunca te ausentes por letras mais escuras,
Sopra-las.
Conforta-te em mim.
Mesmo que seja preciso o meu sangue coalhado. Deixa-me ser mais que uma almofada,
Deixa-me ser uma noite temperada que um dia olhou p'ra ti e fez-te pensar no motivo da felicidade.
Diz-me que ficas...

Diz-me também que eu posso ficar...


Miguel Ângelo

segunda-feira, setembro 26, 2005



raízes que explodem ao relento...

fazem.te colher petalas de mim,

fazem.me colher petalas de ti......

Miguel Ângelo

domingo, setembro 25, 2005


um sopro nas cinzas de um mundo de beijos..

Miguel Ângelo




E num cheirinho a tempo....................um desafio de pulsações...

Miguel Ângelo



São eles...
São os vizinhos de cima os culpados.
Por não ter tecto,
por só ter fado.
Não tenho tecto desde que tenho vizinhos de cima.
Acho que me chove,
Acho que me move,
Acho que me trava.
Acho até que houve um dia...
que sorria,
que se abria. Mas já vai longe o monge que o amarelo viu.
Não tenho tecto,
afirmo e confirmo,
os culpados são eles.
Não tenho tecto e não tenho chão,
não tenho casa,
não tenho cão.
Há um senão! MAs já foi de perto o esperto que o vermelho viu.
Tenho frio,
Tenho mantas,
MAs não tenho quem me tape, não me tapo. Não consigo.
É perigo quando digo que a culpa é dos vizinhos de cima.
É perigo também não ter tecto,
não ser certo,
é perigo não ter onde me limpar,
quando estou farto de produzir paninhos de cheiro vivo,
quando estou sujo de medo dos vizinhos de cima.
São eles,
não tenhas,
não venhas. Ops! Os vizinhos são meus, eu que os varra,
eu que os sopre,
eu que tudo eu que nada,
eu que ande,
eu que estrada. MAS, Já era de longe a senhora do sul que viu o azul.
Por culpa deles não tenho tecto, não tenho chão,
só tenho asas, e carvão.
só tenho luzes,
só tenho cruzes,
não tenho é a casa de cima vazia, como eu queria.
São vizinhos,
Tenho que saber levá-los,
tenho que enterrá-los. Aí um tecto prevejo/desejo.
Ops! Deve ser do queijo que o homem da vala que vejo deixou cair.
MAs a culpa é deles, dos vizinhos de cima.
Não há spray,
não há enzima.
Sem tecto não tenho chão,
e o tempo que passa rouba-me pés,
rouba-me flores,
rouba-me cores.
E o pó que fazem? Não desfazem bordados daqueles,
Eu disse! São eles! MAs, já foi doce o constipado que o criado trouxe.
Sem vizinhos de cima não seria o clima de maneira tão feroz,
Não seria voz, equívocos consequentes.
Não estariam doentes os meus dentes,
que tudo trincam, e não brincam.
Efim...já não raspa a viola que encravou de caspa.
São histórinhas da ruiva,
que me uiva por aqui. Que faz festa,
Que faz feia, uma teia sem que eu creia.
O que resta...Enfim!
São paredes de testa que fazem vizinhos de cima morar.....

Miguel Ângelo


sábado, setembro 24, 2005


São pegadas falantes...



Miguel Ângelo