Miguel Ângelo

Quem sou eu

sábado, julho 19, 2008


Os degraus das escadas do espaço inteiro, do mundo. Aqueles que lhes tomam o poder e se elevam, aqueles que desconhecem a vertigem, caminham sobre o declínio, a descida. Estão todos de olhos abertos, aqueles que vejo e que sobem, e os que descem. As escadas são as mesmas, os olhos as asas, o trajecto delas. Agora estou fechado sobre as linhas do pé ao imenso desfocado, até que o dia também se fechou, e eu prossigo.
Os pés, porfio que subam mais longe que ontem, sei que quero e seduzido procuro mais acima a maior distância da minha sombra. Desfoco a imagem dos alicerces humanos, sinto que as protecções me abraçam as pernas, no entanto ofereço a consciência em troca do desvario. As plantas elevam-me e fico dormente, vou deixando gradualmente espectros de luz invadirem a segurança, a vertigem parece cantar e bailar com os meus sentidos, o sonho, a ambição, o desejo, o coração, abriram as asas de Ícaro ao destino da ousadia.
Miguel Ângelo