Miguel Ângelo

Quem sou eu

segunda-feira, dezembro 26, 2005
















Este bolso vai sujo, e eu não suporto o “voo” de cegonhas depenadas cobertas em penugens tingidas pelo cuspo do ser azul.
Este som que oiço abafado pela ganga acetinada provoca-me tosses, tosses temperadas em rebeldia concentrada, contida pelo tempo fútil que vejo e tenho a sentir. Tenho a mentir o conforto passado ao exterior inaugurado por salivas cansadas, o colarinho lavado que mais vinha brilhando em migalhinhas sagradas, o bastão real que um dia foi palito anestesiado em cheirinhos povoais.
Eu posso RESPIRAR?
Permitem-me que eleve a tampa rugosa que “mandei” mergulhar, encaixar na base errada que tinha para lhe mostrar?
Não gritem sombras cabeludas, prometam ao fruto vosso que a semente não me explode. Move-te Deus, tu que enfeitiças pedaços falantes. Vomitei, desculpe.


Lisboa,
Madrid,
Paris,
Roma,
Londres,
Bruxelas,
Atenas,
Moscovo,
Budapeste,
Viena…….


Ai “coitado”! Centrado “empurrou” o Mundo coalhando no bolso o cálice viscoso que bolinhas de prata fizeram entornar. Provocadoras manhosas do reino mostrado. Cheira-me a chouriço queimado.
Ai MEU deus louvado…inspirou vermelhões liquidado em vontade cristalina, repentina foi a força que chupou de modo leve. Viscosa a fita que o trouxe de volta, começava a espiral enfeitada ao esforço pessoal que um bolso viu sair rasgado em trapinhos de arrependimento.

Reconhecimento.






Miguel Ângelo

domingo, dezembro 18, 2005




Rende-te...
O destino criou-te lindinha.
Segura ao tempo pensavas ser,
Segura é pedra que parte e não grita.
Pensavas crescer no topo,
Foi topo o altar causador de moles quedas.
Lá de cima a vista era imunda, só não era o mundo que vemos melhor,
Queres sair?
Rende-te ás sombras que puxam estalinhos de Outono,
Percebe que o sono é um sonho perdido,
É visita esvoaçante nos braços do Mundo.
Ameaças presentes no teu reino exterior,
Ou cais viva ou te partes em odores descartáveis.
Não são maleáveis…
Nas traseiras do vento o senhor Bento já se rendeu,
Nas traseiras da feira a senhora Oliveira …
Resistes e morres lutando?
E o bando que passa e te emborca na hora de enfeite?
Não sei se não deite esse rigor imaculado.
Rugidos de cima que voltam gigantes,
O clima e as cores não são como dantes que a chuva bailava e as quedas fugiam,
Por isso rende-te.
Desfolhadas inesgotáveis…




Miguel Ângelo

sexta-feira, dezembro 16, 2005



SEI Lá se respiro se o que oiço é chuva...
Sei lá se respiro se o que tenho é nada...
Sei lá se é isto aquilo a que chamam momento.
É ao ritmo das grandes gotas e agressivas que perfuram pezinhos brancos que meu corpo mexe, dorido mexe, deixando-se levar pela saudade viva.
No estreito destas paredes sujas que me evitam espreguiçar, movimentar sorrisos falsos que me pensaram contentar.
No chão frio branco nublado que meus dedos pensam limpar revirei pernas saradas, das mágoas, das tábuas que pensei ouvir.
Em luz falsa que ajudo haver vejo negro nos cantos que como, que durmo, que torno,
Meus cantos sozinhos ouvintes de chuva.
Sei lá se respiro se o vento que tenho é preto, é castanho...
Sei lá se respiro se os olhos não mexem...Não descem aos bixos que dançam por mim/ em mim com medo que o tempo me chame...
Pararam as gotas.
Mexeram-se vidas.
Perdi-me de sonhos chamados momentos aflitos sem pistas...

Miguel Ângelo

quinta-feira, dezembro 08, 2005




Escondi-me pequeno,
Parti-me em fragmentos sagrados divididos pelos poços que os alheios fizeram furar,
Encolhi-me rogado pela chuva turbulenta,
Sim, furei-me de negro....
Deixaste-me gotas entaladas na porta,
Deixaste-as tontas de sopros velhos contraditórios.
Não suporto não poder querer que os olhos matem,
Não suporto que o desejo fuja e fique revolta clonada em passos misericordiosos.
São passadeiras de plástico em que desfilam radiações robotizadas,
São passadeiras demais p'ra um mundo exprimido,
São demais as saias rasgadas em padrões comungados.

Miguel Ângelo

quinta-feira, dezembro 01, 2005



Sabes, já não vejo comigo o nervosinho que viste piscar, já não vejo comigo metade de mim depois de um dia saíres (isto se saís-te). Sim saís-te, eu é que fecho os olhos e não te vejo sair, não sinto, ou não quero. Porque minto ao teu instinto e à minha caixinha auxiliar? Porque insisto em querer que me respirem, todos me respirem, e que eu te respire? Porquê ainda o teu cheiro no meio de tantos?
"É mentira, estou a brincar....estou bem..."
É feio eu odiar? Desculpem. ODEIO-VOS.



Miguel Ângelo

domingo, novembro 27, 2005



Sei que te sinto,
Sei que me dói,
Sei que te toco ao extremo da minha sensibilidade.
Toco-te nos calos,
Toco-te nos pêlos lavados em electricidade emocional,
Toco-te nos dedos forrados em linhas,
Forrados sem mal.
Perco pedaços de mim,
Perco saliva,
Perco palavras perfumadas em tinteiros pessoais.
Perdi-me em degraus ondulados que a ventania social insistiu rebentar,
Perdi-me em nevoeiro,
Perdi-me em horizontes eternamente prazerosos.
Rendi-me entranhado em carne quente divina,
Em silêncios rosados,
Deslumbrados em cansaços produzidos em ninho,
Em vinho paixão derramado em caminho.
Perdi-te surpreso em vestígios nublados,
Perdi-te na casca do fruto suado,
Do fruto cristal enlouquecido.
Perdi-te dormente em ilusões marteladas,
Envolvidas em fumos sufocantes que me tingiram de sangue negro...


*Eu rebobinei flutuando em dias decapitados.
Será que não sabes que te trago no peito?
Será que não sabes que eu fui feito em ti?
Será que esta noite sonhei acordado?
Eu vinguei-me em ruídos, bem gritados ao tema.

Eu nunca te perdi...

Miguel Ângelo

quinta-feira, novembro 24, 2005



Pedi-te cores a mais.
Lembras-te?
Limpei-te em angustia mais negro que as folhas de cartolina preta que sabemos pedir, mais negro que as nuvens prontinhas a chorar, prontinhas p’rá música que nos molha menos a ti. Um dia deixei-te rolar pelas escadas do meu andar, se é que posso chamá-lo meu, porque meu, falando de um determinante possessivo masculino singular na primeira pessoa do sujeito, só tenho as cores que me deste, reforçando em espanhol,
“Nada más”. Nesse mesmo dia em que me fugiste das mãos apanhei-te caído, sim porque poderia ter-me dado na “veneta” e ter-te deixado caído, mas se não me deu foi porque um futuro pediu ao presente momento, que um dia fosse passado, ou foi porque tive vontade de algum dia ser criado? Não me parece exagerada hipótese, mas eu planto a primeira p’ra que cresça em sintonia ao andar de evolução.
Um dia lembrei-me que havias e vesti a minha melhor fatiota, aquela que nem sabia ter, pois o desleixo foi dominante na tua ausência inconscientemente marcada. Que insatisfeita descoberta o saber que sei vestir, mas porque é que tu tens esse poder em mim? Tens direito? Porque é que estás guardado à espera de me ver envaidecer? Eu não me lembrava de ter estado assim, não me lembrava de haver algo chamado cetim que se subestimava em elegância plástica, não me lembrava da malha pormenorizada em beleza banal, não me lembrava dos toques que agora me fazes puxar, sentir. Um dia apanhei-te e o tacto activou? Olha que nem o meu bisavô me contou historietas que activassem sentidos e gostos, só grandes desgostos devido a um senhor que o meu bisavô conhecia, safado seja ele, sua graça era Amor. Não sei mais nada sobre ele, lembro-me de ver entrar sons mansos e caros em meus funis despistados enfeitados com palavras tais: “ …irás conhecê-lo um dia…”. Deixe-mos o Amor, não acho bem tentar adivinhar pessoas que não conhecemos.
Uma noite dormia, refilando a palavra, eu apenas tinha os olhos fechados e as pestanas fazendo cócegas na almofadinha do elefante, aquela dos balões que me elevavam em sonos longínquos (que saudades, não entremos por aí, a saudade dá muito que falar, pensar, estudar…). Não me quero perder, não que não tenha quem me encontre, mas falando da noite em que os olhos representavam a peça mais desperdiçadora que alguma vez assisti, essa sim foi uma noite, daquelas que recordamos com gosto de chupa em sabor preferido. Lá ia eu levantando sem acordar a lua e outras festas da noite, sentia na planta do meu quente pé contraste de temperatura invadindo o sangue que meu coração faz por aqui dançar. Dei passinhos dos brancos passando o quarto e o corredor, cheguei à sala em esplendor silencioso e abri os olhos mais e maiores. É a hora do medo pousar, da ansiedade tentar, do desejo penetrar os poros largos que vejo em meu recinto, meu humilde sitio de viagens caseiras, de bagagens tripeiras em vectores reforçados. Avancei em direcção do local que te guardas, que te fartas de saber que vou buscar sem conhecer mínimas ondas de mar bravio, olho-te nada e em menos de pouco peguei em ti e abri-te.
Sugaste-me inteiro deixando marcas de cama em vestígios de cheiro, dedadas de crime em pedidos nocturnos, pedidos imensos perdidos na bolsa que em ti me envolveu.
Unifiquei dois olhares a dois corpos falantes p’ra pedir em noite dentro…
Cores a mais…

Miguel Ângelo




segunda-feira, novembro 21, 2005




Passinhos de côco levaram-me ao rio,
Fizeram-me rir,
Fizeram do suporte antigo e pedroso dos meus pés passerelle envernizada.
Fizeram das aves criações ilimitadas,
Fizeram do tempo estradas,
Fizeram-te sentada chamando-me calada.
Passinhos de côco encheram-me de vontade,
Saudade,
Desejo de então,
Desejo da vista do rio e das luzes urbanas,
Descalço e sem meias,
São feias as teias que hoje não vejo...
São passinhos de côco que tomam conta de mim.
Me elevam e alegram,
Me trazem cetim.
Aquele que toco ao ter-te em mim,
Que fundo,
Imundo de êxtase rosado,
Que quero safado
Sentindo que os passos são poucos p’ra mim.
Quero mais,
Quero mais,
Quero passos mais fortes,
Quero quedas,
Quero sortes...


Miguel Ângelo

sexta-feira, novembro 18, 2005





fechei os olhos p'rá saudade falar. . . . .





Miguel Ângelo

quinta-feira, novembro 17, 2005



agarrei-vos pensando que os dedos chegavam. . . .



Miguel Ângelo

sexta-feira, novembro 11, 2005




Fechei-me retorcido...
Contido em saudades ventosas meu corpo retorce,
Se torce criando sentidos de renda escura,
Contido em desejos que a luz não me trouxe,
Não me fosse ferir dedinhos cantados.
Deixei-me num canto em sombras criadas,
Nascidas em escadas pisadas por mim, por eles,
Por tantos outros que me deixam sujar.
Sentei-me rendido ao poder do insulto,
Instantâneo foi ser culto, foi parar,
Foi ficar e ser vulto num canto sangrado,
Sarado.
Pisei-me queimado do chão que me deste,
Que fizeste sem material,
Foi banal esse teu cheiro que te trouxe em jornal,
Em Saquinhos de lã cujo tom não se define,
Não se reprime.
Foi deprimente ver-me doente pelo sal que me rebenta,
Que me tenta ser ladrão,
Que me rouba tempo e pão do saco roto que me entregaste,
Que me pediste serpenteando em corpo quente,
Em corpo santo. Sozinho canto lendas estriadas,
Insaciadas de lenha e carvão, de quedas,
De meias de cão que o embrulho disfarça,
É farsa tudo o que toco e não sinto vibrar, não sinto.
Eu não minto ao instinto que a manhã me apresentou,
Me coordenou em meios segundos pra que o prato voasse,
Me levasse o que transporto e não suporto que se instale,
Que me fale,
Que me entale em portas sujas do óleo fresco que passaste,
E arrumaste sem pedir com vontade de fugir ás entradas principais.
Foi demais o retorcer de quem te viu um dia entrar,
Um dia atar em cordas brancas,
Um dia tanta p’ra me lembrar.
Um dia atei-me sem te pedir,
Sem te esperar fiz sacudir penas lidas ao pormenor,
Fiz-me encontrar sentado esperando vida de um degrau. . . . . .



Miguel Ângelo

terça-feira, novembro 08, 2005




Eu pinguei.
pinguei gotinhas de mim
Na noite em que o copo despeja,
Na noite que seja,
A gota que beija, que pinga de mim.
Pinguinhas de mim sonhadas por ti,
São gotas lavadas na lama,
São sexo,
São cama.
Eu que pingo
Na volta,
No chão,
Domingo
Ou não. Não molho o segredo que metros separam.
Não caio de medo,
Não caio mais cedo,
Não espero que o cubo me faça redondo,
Não espero se quero
Que a nuvem não passe.
Pinguinhas de ti, sim.
De mim são mentidas,
São rasgadas, são nascidas.
São gotas de ti que deito no leito que um dia nem tenho.
Mergulho no prado,
Do douro,
Do Sado,
Do Tejo encostado.
De mim é uma,
É o caminho que costuma,
É viagem,
É deslize,
É viragem que tive.
São por ti atraídas,
Por ti saídas
Entradas em vidas que fazem andarem.
Acesas te amam
Por terras que tramam.
Acesas me apagam
De estragos de tempos
Em que os sonhos murchavam.
São pingas distintas,
Unidas ao primeiro soltar. . . .


Miguel Ângelo

sexta-feira, novembro 04, 2005




Pegaste confiante num aliado ao teu poder.
Sem me aperceber vi-te fogoso
Ensaiando o passo nervoso que ninguém viu proceder,
Em brasa passavam-te ideias, sentidas ás magoas que fizeste conhecer,
Não temo coisas feitas, destinos, derrames, enfeites deslavados um dia escritos, cravados.
Fizeste fogo pegar, ao mar que nada lembra,
Ao céu que se aposenta,
Ao tempo que se enfrenta ao ver-te casado com labaredas acordadas ás horas registadas.
O teu fogo cheirou-me a seco,
Não tinha molho,
Não tinha vento.
Não foi forte essa "morte" que trabalhaste,
Constato que falhaste três madeiras na lareira,
Foste tu e a tua cadeira que penderam p'ró lado feio,
Não estou no meio mas anseio que serei virtude aos olhos de quem te ouviu,
Vão pena ter ao conhecer que a chama morre à vista cheia,
Em plateia surda ás interferências mudas que fazes parecer.
Aborrecido é repetir,
É de novo teres que ouvir,
Que o fogo não te beija, só te aleija braços direitos,
Abusos feitos/desfeitos.
Prazer é repetir,
Que não me queimas dedos limpos desejosos por não te tocar...


Miguel Ângelo

quinta-feira, novembro 03, 2005




Desfoquei-me p'ra não sentir as formas que te aleijam/me aleijam...


Miguel Ângelo

domingo, outubro 30, 2005



Tu que abres caixinhas de música viva,
Deixas fugir sonhos forrados,
Deixas que os olhos se escondam em caixas, e baixas as ondas que te querem guardar.
Enceras desejos redondos que os outros preferem sentir,
Escorregas e pegas no brilho das vozes que ouves,
Que pegas e entregas aos teus cofres de cartão.
É curta a luz que te faz ver,
Que te faz ouvir pianos fundidos em violinos elevados.
Não te entendes de perto com o foco que te deram,
Encontra-te ventinho mágico que abres caixinhas de música viva,
Que fazes disso tempo banal e não sabes,
Não cabes no espelho que os outros fizeram.
Rebate os planos e vê-te de novo,
Enrola os temperos que puseste no bolso e
Não uses carvão falso p'ra desenhar o que sentes,
Tu mentes em manchas coerentes.
Por favor não tentes que o som seja de plástico,
Tu és ventinho mágico que abre caixinhas de música viva.
Não sei porque tapas o frio que não tens.
O que te envolve é suave
São paredes limadas ás formas que deitas...
São perfeitas ao teu campo espelhado,
Que permite a fuga de danças intensas que envolvem segredos de papel. Tu que abres caixinhas de música
Acorda antes de mim,
Acorda antes do eco que o teu sono vem trazer...

Miguel Ângelo

sexta-feira, outubro 28, 2005






Os ponteiros tanto andam, e as horas são chamadas,
Ruídos
Fumos
Dentes
Pés
E é tudo o que rodeia.
O que enrola desenrola
O que beija já despeja
E o que vive já não vive
Porque o choro já não é!
Já não é já não vê,
Já não tem já não quer.
Ele caí ela tropeça
E o sangue não derrama,
Já não chove o sol fugiu
Foi um pedaço de vida.
Já não sei foi quem subiu
Foi a escada descida.
A porta à pouco bateu
E o desejo foi cumprido,
Sem um grito ´
Sem um tiro
Sem puxar o que prefiro.
Sem cabeça
Sem um treino
Sem cadeira de reino.
Ele cai ela tropeça
E o sangue não derrama,
Já não chove o sol fugiu
Foi um pedaço de vida.
O relógio apitou
O céu tem que se apressar,
Um roteiro de cansaço
Um estranho a vaguear,
Quando o banco está sozinho
É p'ra desconfiar,
Já não senta
Já não olha
Já não pode sonhar.
Se está sujo
Se está velho
Já não tem que saber,
Dobra a esquina e acelera
O trajecto é prazer.
Ele cai ela tropeça
E o sangue derrama,
Já não chove o sol fugiu
Foi um pedaço de vida.

Miguel Ângelo




pego no tempo baralhado pronto para repartir,
repartem.se as horas e os minutos fogem...
toca.se no momento de ninguém, desfiado, e soprado ao gosto de alguém.
abre.se de sangue o feicho partido que o peito pediu,
une.se a distância que os pés separavam numa junção de movimentos:
movimentos que começam,
movimentos que viajam,
movimentos que conhecem,
movimentos que magoam,
movimentos que enrolam,
movimentos perdidos de espectadores iluminados com meias luzes,
movimentos que se unem,
movimentos que um dia param!



Miguel Ângelo

quinta-feira, outubro 27, 2005



Palavras caladas...... . .

Miguel Ângelo


domingo, outubro 23, 2005



Lancei-te...
Lancei-te livre sorrindo ao rio,
Abri-te os braços e fiz-te sorrir.
Fiz de ti tecido branco reflector de paz vazia,
Magia,
alegria...
Fiz de ti um grito brando que aquece/arrefece tempinhos sem papel.
Foi em mel a chuva que caiu sobre ti quando giravas ao sol,
Foi sonhando que encontraste o ritmo que te dei/me deste,
Fizeste gotas de algodão claro,
É doce e não paro, de querer, de prová-lo...
Quiseste escutar maresia dourada, mais ninguém ouviu,
Ouvi-te eu estafada, cansada,
Lembrada de voos que as tuas asas sempre criaram,
Sempre deixaram que as nuvens beijassem o que tens em prazer humano.
Engano foram as ondas que barulhos te encaixaram.
Deixa-las enrolar e guardar a espuma que deitas, baterem nos rastos que enfeitas. Eu vejo que babo ao teu brilho que ofusca,
Quem busca é flexível ás notas mais limpas, distintas,
Como pintas tu essa ideia sagrada?
De entrada tomo teu sono/meu sono sonhando em ti,
Saltando em teu tema te encontro e retenho,
Não tenho problema,
Não tenho rebanho. Sou só o que tu sorriste sozinha.
Luzinha essa que olhas tem cores atadas?
Não temo que sejam. Despejam na mesma as cores precisas,
Que frisas pintando na tela concisa
Pincelando cociguinhas focadas...
Roda lançada ao suporte que queres,
Roda ritmada à música que fazes,
Roda animada ao mundo que trazes...


Miguel Ângelo

sábado, outubro 22, 2005


Santa Ignorância,
Tu que reinas nessas caixas abertas. . . . foge e não te fiques, não te expliques....


eles n sabem nd.

Miguel Ângelo

quinta-feira, outubro 20, 2005



Um dia parei, caí.
Não vi, esperei,
Não viram...
Um dia parei,
Depois voltei a cair,
Não vi, não esperei,
Não dei conta e fui mirado,
Fui por eles puxado ao sabor dos olhos,
Ao sabor de quem anda...
Um dia não parei, encontrei-te,
Eu vi-te, continuei.
Câmaras ocultas mexeram ansiosas pelo rebatimento dos planos.
Tracei ondulares com o sujo do meu arrasto,
Limpaste perto com sola nova do dia anterior,
Estavas por traz,
Estavas a cor. Eu fui esbranquiçado pelo caminho pintado que passava em tua frente
Bati tambores até que os pés não parassem, virassem, travassem...
Um dia não parei de novo
A gravidade subiu, sorrio,
Deixou que o meu peso passasse, transpirasse de cheiros e líquidos que o olho que viu bebeu comeu fugiu.
Um dia parei, caí.
Não vi, esperei,
Não viram...
Mais não pude
Mais eu quis.
Outro gritou, outro ralhou, outro prendeu-me ás correntes da pressa.
Tentei,
Avancei,
Caí e rasguei,
Foi já noite e sangrei,
Fui mirado?
ninguém...
Foi já tarde que alguém percebeu,
Morei no tempo, parei e caí...



Miguel Ângelo

quarta-feira, outubro 19, 2005




Brejeiro...
Era assim ele que olhava, era assim maroto que ouvia. Era o brejeiro.
Um dia deparei-me com o brejeiro e lá estava ele a bramar de costas p'ra mim, virado p'ró mar. Esperando "colher" sereias colegas de outras meninas, de outras tão cegas, de outras felinas, o brejeiro e o seu comparsa.
Babando
Caindo
Sonhando
Tentando
O Brejeiro ia conseguindo, era por ele e pelo bando, que por mais pedindo extinção lá iam eles secando.
De alma e coração, com a "vergonha" na mão o brejeiro disse um não!
Foi cair de boca no chão, foi ter à extremidade (também já estava na idade), coitadinho do comparsa, sem pessoa aquela farsa. Decadente, a expectar que o Brejeiro volte a "cantar".
De surpresa foi mudar, foi compor-se, foi dançar...

"E só não muda quem está morto", li eu num outro "posto", sem idade nem vontade, sem vaidade disse verdade...



Miguel Ângelo

terça-feira, outubro 18, 2005




Matei sem querer...
Perdi-me.
Arrepiei-me sozinha,
Arrepiei-me franzindo o berço que nos transporta, se importa, me corta de vento que uiva sozinho pintado,
Me corta de tempo passado em limão,
Se importa ou não
É meu,
É perdão. É MEDO rapado no branco dos olhos
Que racha,
Que encaixa
Que ensaia de caixa na mão,
que é porco
e ENTÃO?...
Se é preto e me cega...
Se são restos de frases...
São fases, os cartazes que faço por ti, pra mim...
Misturo o silêncio às vozes que vejo e prevejo...
Sozinha me beijo,
Sozinho te vejo
Te mato e tenho medo...
Era cedo e o sangue saltou,
Regou-me de fraquezas que os olhos não tinham,
Furou-te a saliva que um dia gastas-te...
Afasta e divide o ódio que temo.
Desculpa antecipei-me,
Encontrei-me
Levantei-me,
Afiei-me no gavetão sem luz e ansiedade,
Pedindo felicidade calquei-te até espremer,
Foi roxo até doer
Até querer
Até que um parasita dos confins, faz parar tal cozinhado,
Cozido,

Queimado........



Miguel Ângelo

quarta-feira, outubro 12, 2005




Nasce o sol que afogenta os seres escondidos de sombras e tempos que a noite traçou, e os lençois sabem a mentol...
Depois do abafo das cores que a lua alta e escondida deixou para que a força fosse perfeita,
depois do intenso grito que A ousadia desejou,
depois de uma luzinha inegualável ter emigrado de prazer, dançando molhada, escorregando deitada, beijando fechada, gritando calada, esperando que o tempo não urgi-se.
Pelas rugas mais decadentes da janela do lugar, a luz entra sem perguntar.
A mesma rasga um sorriso no enocente, que abre de mansinhu as palpebras soadas de alegria.
O outro, perde as palpebras no escuro do silêncio. Não dá conta que a emoção trouxe um passo do visinho.
Uma nova luz,
um novo deslizar,
Novos sons que os dois ouviram cantar, e os lençois sabem a mentol...


Miguel Ângelo

terça-feira, outubro 11, 2005




São cores verdadeiras, as que tenho na mão.....

Miguel Ângelo

domingo, outubro 09, 2005



Cortar-me-ei em postas e deixarei que me comas.........

Miguel Ângelo


quarta-feira, outubro 05, 2005



E quando uma grande bola escura não para de rodopiar?...
Ela vem rebolando,
Deitando meu ego ela vem destruindo.
Não sabe, rebola.
É bola que cola e custa sair,
É bola que molha e custa secar,
A bola esmigalha
A minha malha que sem linhas cozi,
A minha malha que sempre vesti, despi.
Que anexo de bola que roda e que enche
Que farta, desenche.
Que vai e que fica sentada,
Cruzada apertada sugando fiozinhos de luz.
Guiada ou guiando a bola prossegue,
Despede e despista
Sem despir o cendal que fede de censo, incenso.
E podre de se enunciar,
" tapadeira " de sonhar, porque o mar não sabe.
Porque a bola rebola, e se voa não fica p'ra bica que à tanto planeou.
São envios "negrões",
Tufões.
É a bola que faz esta cena de "paz",
Que um dia um rapaz...

(tenciona pintar...)

Miguel Ângelo

domingo, outubro 02, 2005



É mais cedo agora que ontem de madrugada.
É mais cedo hoje ver-te tentar, penetrar o verde mais visto,
É mais cedo hoje a viagem absurda que me faz estar perto da distância que nos agarra,
É certo que sou semente, és semente inchada mais longe que eu.
Doeu.
Doeu.
Doeu sentir-te chegar e ver meus olhos fecharem,
Doeu olhar entre mim quando iludi o ideal.
Hoje é cedo e tu não me activas,
Não me cativas com qualquer espessura que tenhas comprado.
É certo que sou semente mas,
Subo até onde alguém me levar,
Ou subo sozinho explodindo o vermelho
Que a dor me trouxe, que eu me fosse.
Espalha-me em ti…
Não no quintal
Não no jornal
Não aos olhos de quem tem véu de ignorância.
Não sejas sublime e deixa-me cantar,
Cantar de gritos nunca antes aceites,
MAS HOJE É CEDO…
E onde estás medo? Eu não cedo ao medo por mais negro que seja,
Por mais grande que veja,
Não me aleija faca torta sempre ao dia limada.
Dá-me flores…
Dá-me flor,
Dá-me cor,
Dá-me amor ao caule que tenho.
Dá-me cedo o que tarde trouxeste…

Miguel Ângelo


sábado, outubro 01, 2005



Arranca-me tempo…
Arranca-me luz…
Arranca-me gritos que um dia farão eco nas caixas vazias que teimas vazar,
Que teimas mostrar.
Porque me arrancas mais se o menos já se foi?
Porque não esperas que o sangue vá na corrente que agora fizeste saltar?
Mata-me menos.
Porque me cansas de esperanças bicudas?
Porque te afias? Porque me afias tanto se no entanto não sabes de onde vieste?
Porque é que trouxeste essa peste pintada de velho?
Não sei mais de passos um dia mais limpos,
Não sei mais letras um dia mais juntas,
Não sei mais de nada que um dia quis tudo.
Mata-me menos…
Ao menos pensa na forma da norma da tua violência,
Coerência,
Preferência…
Ao menos mata-me só…
Não dês facadinhas lembradas de antes…

Miguel Ângelo

sexta-feira, setembro 30, 2005




Dez rebentos, mil anseios,
Três raízes e um desfoco de imagens.
Um passeio de passagens,
É passeio,
Desvaneio,
Só não creio que o outro seio seja prudente ao ser contente,
Só não creio que o outro tempo seja atento ao evento que não é.
E o monte que passei à pouco não tem vida,
Não tem ferida,
Tem comida.
A Serra lá p'ra cima está despida,
Arrepiada,
Ensurdecida.
Não tem piada a engraçada da estrada distraída.
Um monte de vidas emparelhadas,
Enxovalhadas,
Encaminhadas.
Um monte de curvas, sustentos, passagens,
Um monte de saltos, tempos, bagagens.
Entre sombras e comidas
Ouvem-se cheiros e saídas,
São caminhos,
São descidas, remendadas e benzidas.
Quatro patas outro sítio
e o desvio que ninguém viu.
Quem nao fala já falou,
já não disse, já cantou,
Quem comenta só inventa.
Uma paragem,
Uma estação,
Outra casa outra canção.
Com esta recta um infinito,
É extremo o piso,
É outro atrito.
E a remar vamos andar,
São outras rodas n'outro lugar.
Só tenho pena da gemada, da coitada da entrada que apita sem pitada,de qualquer que seja a razão.
É deixar quem se queixar,
É olhar quem nos brilhar, é ofuscar.
Sugando o alcatrão que nos cabe e sai da mão,
Avista-se e despista-se,
A chegada que anseio,
E não creio..... (que não mude este roteiro)


Miguel Ângelo

quarta-feira, setembro 28, 2005



suando pedrinhas de algodão preto...

cada dia, cada medo, cada vez mais a luz me voa.....

Miguel Ângelo






Fica...
Sente que devagarinho ensinas meu rosto subir,
Sente que devagarinho meu rosto sobe.
Sente que a voz minha ainda viajante
Já se prepara, já culminante não se fazendo ouvir aos olhos de corpos riscados,
Abranda,
Sobrepõe-se à varanda que todos preferem espreitar,
Já se prepara,
P’ra ficar...
FICA...
Tenta perceber que o poço inexplicável que me mostra, não tem água,
Tem outro,
Tem diferente.
Tenta perceber o meu cheiro pequenino que agrafa sonhos de papel,
Tenta ter,
Tenta tentar,
O próximo dia pede p'ra ficar,
A próxima semana, o próximo ano,
O próximo salto num colchão de molinhas danificadas,
O próximo esvoaçar de penas antes presas até à próxima vida.
Fica.
Deixa-me sentir o teu abecedário de forma inconsciente.
Deixa-me confirmar que há "copinhos de cristal",
Que existe outro
Que existe diferente/especial.
Deixaste-me longe,
Pintaste-me certo,
Agora Fica...
Vê que é perto o caminho distinto,
Vê que podes pisar o que piso, sem medo nem griso,
Vê que o nunca está farto de andar, e são poucas/loucas nossas as poças que a inocência vem criar.
Acorda, pois a corda tende rasgar.
Não pares!
Não tires!
Cheira um pouco de mim/de ti,
Vais ter tudo, vais ser mudo, vais ser sonho desnudo,
Vais querer que a estrada acentue, e que a chuva destrua o que eu não pude.
Não durmas. O tempo não quer,
São 21 horas e 54 minutos, em simultâneo 47 segundos,
Apressa-te. Ainda estamos em dois MUNDOS.
Não há vento. E os medos são fungos.
Fica de vez...
Nunca te ausentes por letras mais escuras,
Sopra-las.
Conforta-te em mim.
Mesmo que seja preciso o meu sangue coalhado. Deixa-me ser mais que uma almofada,
Deixa-me ser uma noite temperada que um dia olhou p'ra ti e fez-te pensar no motivo da felicidade.
Diz-me que ficas...

Diz-me também que eu posso ficar...


Miguel Ângelo

segunda-feira, setembro 26, 2005



raízes que explodem ao relento...

fazem.te colher petalas de mim,

fazem.me colher petalas de ti......

Miguel Ângelo

domingo, setembro 25, 2005


um sopro nas cinzas de um mundo de beijos..

Miguel Ângelo




E num cheirinho a tempo....................um desafio de pulsações...

Miguel Ângelo



São eles...
São os vizinhos de cima os culpados.
Por não ter tecto,
por só ter fado.
Não tenho tecto desde que tenho vizinhos de cima.
Acho que me chove,
Acho que me move,
Acho que me trava.
Acho até que houve um dia...
que sorria,
que se abria. Mas já vai longe o monge que o amarelo viu.
Não tenho tecto,
afirmo e confirmo,
os culpados são eles.
Não tenho tecto e não tenho chão,
não tenho casa,
não tenho cão.
Há um senão! MAs já foi de perto o esperto que o vermelho viu.
Tenho frio,
Tenho mantas,
MAs não tenho quem me tape, não me tapo. Não consigo.
É perigo quando digo que a culpa é dos vizinhos de cima.
É perigo também não ter tecto,
não ser certo,
é perigo não ter onde me limpar,
quando estou farto de produzir paninhos de cheiro vivo,
quando estou sujo de medo dos vizinhos de cima.
São eles,
não tenhas,
não venhas. Ops! Os vizinhos são meus, eu que os varra,
eu que os sopre,
eu que tudo eu que nada,
eu que ande,
eu que estrada. MAS, Já era de longe a senhora do sul que viu o azul.
Por culpa deles não tenho tecto, não tenho chão,
só tenho asas, e carvão.
só tenho luzes,
só tenho cruzes,
não tenho é a casa de cima vazia, como eu queria.
São vizinhos,
Tenho que saber levá-los,
tenho que enterrá-los. Aí um tecto prevejo/desejo.
Ops! Deve ser do queijo que o homem da vala que vejo deixou cair.
MAs a culpa é deles, dos vizinhos de cima.
Não há spray,
não há enzima.
Sem tecto não tenho chão,
e o tempo que passa rouba-me pés,
rouba-me flores,
rouba-me cores.
E o pó que fazem? Não desfazem bordados daqueles,
Eu disse! São eles! MAs, já foi doce o constipado que o criado trouxe.
Sem vizinhos de cima não seria o clima de maneira tão feroz,
Não seria voz, equívocos consequentes.
Não estariam doentes os meus dentes,
que tudo trincam, e não brincam.
Efim...já não raspa a viola que encravou de caspa.
São histórinhas da ruiva,
que me uiva por aqui. Que faz festa,
Que faz feia, uma teia sem que eu creia.
O que resta...Enfim!
São paredes de testa que fazem vizinhos de cima morar.....

Miguel Ângelo


sábado, setembro 24, 2005


São pegadas falantes...



Miguel Ângelo