Miguel Ângelo

Quem sou eu

sexta-feira, dezembro 14, 2007



Paradoxos interrompidos durante a vertigem.
Sobre a corda que montaste os passos são desfocados, sinto a sola dos sapatos que não tenho, abro os olhos p’ralém do hábito, desencontro-me. Esta não é a minha casa, e a resistência sai-me nas gotas da testa, abri os braços a espera que o tempo me segurasse, olho para baixo, a ausência da vertigem terminou.
Paras tu e eu contigo, surge o desequilíbrio e a noção de lugar fica de fora.
O medo cai-me nos bolsos, os meus movimentos áridos tornam-se fundamentais à sobrevivência, o chapéu já me caiu, e os meus cabelos insípidos podem tornar-se bailados. A escrita deste caminho, sobre o fino solo sem lados nem fundo projecta salgados que me escorrem no rosto, cada contracção parece deixar-me agradecido, balanços na máxima incerteza distraem o “teu” caminho e cozem-me à chegada.





Miguel Ângelo