Miguel Ângelo

Quem sou eu

domingo, novembro 27, 2005



Sei que te sinto,
Sei que me dói,
Sei que te toco ao extremo da minha sensibilidade.
Toco-te nos calos,
Toco-te nos pêlos lavados em electricidade emocional,
Toco-te nos dedos forrados em linhas,
Forrados sem mal.
Perco pedaços de mim,
Perco saliva,
Perco palavras perfumadas em tinteiros pessoais.
Perdi-me em degraus ondulados que a ventania social insistiu rebentar,
Perdi-me em nevoeiro,
Perdi-me em horizontes eternamente prazerosos.
Rendi-me entranhado em carne quente divina,
Em silêncios rosados,
Deslumbrados em cansaços produzidos em ninho,
Em vinho paixão derramado em caminho.
Perdi-te surpreso em vestígios nublados,
Perdi-te na casca do fruto suado,
Do fruto cristal enlouquecido.
Perdi-te dormente em ilusões marteladas,
Envolvidas em fumos sufocantes que me tingiram de sangue negro...


*Eu rebobinei flutuando em dias decapitados.
Será que não sabes que te trago no peito?
Será que não sabes que eu fui feito em ti?
Será que esta noite sonhei acordado?
Eu vinguei-me em ruídos, bem gritados ao tema.

Eu nunca te perdi...

Miguel Ângelo