Miguel Ângelo

Quem sou eu

sexta-feira, dezembro 16, 2005



SEI Lá se respiro se o que oiço é chuva...
Sei lá se respiro se o que tenho é nada...
Sei lá se é isto aquilo a que chamam momento.
É ao ritmo das grandes gotas e agressivas que perfuram pezinhos brancos que meu corpo mexe, dorido mexe, deixando-se levar pela saudade viva.
No estreito destas paredes sujas que me evitam espreguiçar, movimentar sorrisos falsos que me pensaram contentar.
No chão frio branco nublado que meus dedos pensam limpar revirei pernas saradas, das mágoas, das tábuas que pensei ouvir.
Em luz falsa que ajudo haver vejo negro nos cantos que como, que durmo, que torno,
Meus cantos sozinhos ouvintes de chuva.
Sei lá se respiro se o vento que tenho é preto, é castanho...
Sei lá se respiro se os olhos não mexem...Não descem aos bixos que dançam por mim/ em mim com medo que o tempo me chame...
Pararam as gotas.
Mexeram-se vidas.
Perdi-me de sonhos chamados momentos aflitos sem pistas...

Miguel Ângelo