Miguel Ângelo

Quem sou eu

quinta-feira, outubro 20, 2005



Um dia parei, caí.
Não vi, esperei,
Não viram...
Um dia parei,
Depois voltei a cair,
Não vi, não esperei,
Não dei conta e fui mirado,
Fui por eles puxado ao sabor dos olhos,
Ao sabor de quem anda...
Um dia não parei, encontrei-te,
Eu vi-te, continuei.
Câmaras ocultas mexeram ansiosas pelo rebatimento dos planos.
Tracei ondulares com o sujo do meu arrasto,
Limpaste perto com sola nova do dia anterior,
Estavas por traz,
Estavas a cor. Eu fui esbranquiçado pelo caminho pintado que passava em tua frente
Bati tambores até que os pés não parassem, virassem, travassem...
Um dia não parei de novo
A gravidade subiu, sorrio,
Deixou que o meu peso passasse, transpirasse de cheiros e líquidos que o olho que viu bebeu comeu fugiu.
Um dia parei, caí.
Não vi, esperei,
Não viram...
Mais não pude
Mais eu quis.
Outro gritou, outro ralhou, outro prendeu-me ás correntes da pressa.
Tentei,
Avancei,
Caí e rasguei,
Foi já noite e sangrei,
Fui mirado?
ninguém...
Foi já tarde que alguém percebeu,
Morei no tempo, parei e caí...



Miguel Ângelo