Miguel Ângelo

Quem sou eu

quarta-feira, setembro 28, 2005



suando pedrinhas de algodão preto...

cada dia, cada medo, cada vez mais a luz me voa.....

Miguel Ângelo






Fica...
Sente que devagarinho ensinas meu rosto subir,
Sente que devagarinho meu rosto sobe.
Sente que a voz minha ainda viajante
Já se prepara, já culminante não se fazendo ouvir aos olhos de corpos riscados,
Abranda,
Sobrepõe-se à varanda que todos preferem espreitar,
Já se prepara,
P’ra ficar...
FICA...
Tenta perceber que o poço inexplicável que me mostra, não tem água,
Tem outro,
Tem diferente.
Tenta perceber o meu cheiro pequenino que agrafa sonhos de papel,
Tenta ter,
Tenta tentar,
O próximo dia pede p'ra ficar,
A próxima semana, o próximo ano,
O próximo salto num colchão de molinhas danificadas,
O próximo esvoaçar de penas antes presas até à próxima vida.
Fica.
Deixa-me sentir o teu abecedário de forma inconsciente.
Deixa-me confirmar que há "copinhos de cristal",
Que existe outro
Que existe diferente/especial.
Deixaste-me longe,
Pintaste-me certo,
Agora Fica...
Vê que é perto o caminho distinto,
Vê que podes pisar o que piso, sem medo nem griso,
Vê que o nunca está farto de andar, e são poucas/loucas nossas as poças que a inocência vem criar.
Acorda, pois a corda tende rasgar.
Não pares!
Não tires!
Cheira um pouco de mim/de ti,
Vais ter tudo, vais ser mudo, vais ser sonho desnudo,
Vais querer que a estrada acentue, e que a chuva destrua o que eu não pude.
Não durmas. O tempo não quer,
São 21 horas e 54 minutos, em simultâneo 47 segundos,
Apressa-te. Ainda estamos em dois MUNDOS.
Não há vento. E os medos são fungos.
Fica de vez...
Nunca te ausentes por letras mais escuras,
Sopra-las.
Conforta-te em mim.
Mesmo que seja preciso o meu sangue coalhado. Deixa-me ser mais que uma almofada,
Deixa-me ser uma noite temperada que um dia olhou p'ra ti e fez-te pensar no motivo da felicidade.
Diz-me que ficas...

Diz-me também que eu posso ficar...


Miguel Ângelo