Miguel Ângelo

Quem sou eu

domingo, outubro 30, 2005



Tu que abres caixinhas de música viva,
Deixas fugir sonhos forrados,
Deixas que os olhos se escondam em caixas, e baixas as ondas que te querem guardar.
Enceras desejos redondos que os outros preferem sentir,
Escorregas e pegas no brilho das vozes que ouves,
Que pegas e entregas aos teus cofres de cartão.
É curta a luz que te faz ver,
Que te faz ouvir pianos fundidos em violinos elevados.
Não te entendes de perto com o foco que te deram,
Encontra-te ventinho mágico que abres caixinhas de música viva,
Que fazes disso tempo banal e não sabes,
Não cabes no espelho que os outros fizeram.
Rebate os planos e vê-te de novo,
Enrola os temperos que puseste no bolso e
Não uses carvão falso p'ra desenhar o que sentes,
Tu mentes em manchas coerentes.
Por favor não tentes que o som seja de plástico,
Tu és ventinho mágico que abre caixinhas de música viva.
Não sei porque tapas o frio que não tens.
O que te envolve é suave
São paredes limadas ás formas que deitas...
São perfeitas ao teu campo espelhado,
Que permite a fuga de danças intensas que envolvem segredos de papel. Tu que abres caixinhas de música
Acorda antes de mim,
Acorda antes do eco que o teu sono vem trazer...

Miguel Ângelo

sexta-feira, outubro 28, 2005






Os ponteiros tanto andam, e as horas são chamadas,
Ruídos
Fumos
Dentes
Pés
E é tudo o que rodeia.
O que enrola desenrola
O que beija já despeja
E o que vive já não vive
Porque o choro já não é!
Já não é já não vê,
Já não tem já não quer.
Ele caí ela tropeça
E o sangue não derrama,
Já não chove o sol fugiu
Foi um pedaço de vida.
Já não sei foi quem subiu
Foi a escada descida.
A porta à pouco bateu
E o desejo foi cumprido,
Sem um grito ´
Sem um tiro
Sem puxar o que prefiro.
Sem cabeça
Sem um treino
Sem cadeira de reino.
Ele cai ela tropeça
E o sangue não derrama,
Já não chove o sol fugiu
Foi um pedaço de vida.
O relógio apitou
O céu tem que se apressar,
Um roteiro de cansaço
Um estranho a vaguear,
Quando o banco está sozinho
É p'ra desconfiar,
Já não senta
Já não olha
Já não pode sonhar.
Se está sujo
Se está velho
Já não tem que saber,
Dobra a esquina e acelera
O trajecto é prazer.
Ele cai ela tropeça
E o sangue derrama,
Já não chove o sol fugiu
Foi um pedaço de vida.

Miguel Ângelo




pego no tempo baralhado pronto para repartir,
repartem.se as horas e os minutos fogem...
toca.se no momento de ninguém, desfiado, e soprado ao gosto de alguém.
abre.se de sangue o feicho partido que o peito pediu,
une.se a distância que os pés separavam numa junção de movimentos:
movimentos que começam,
movimentos que viajam,
movimentos que conhecem,
movimentos que magoam,
movimentos que enrolam,
movimentos perdidos de espectadores iluminados com meias luzes,
movimentos que se unem,
movimentos que um dia param!



Miguel Ângelo

quinta-feira, outubro 27, 2005



Palavras caladas...... . .

Miguel Ângelo


domingo, outubro 23, 2005



Lancei-te...
Lancei-te livre sorrindo ao rio,
Abri-te os braços e fiz-te sorrir.
Fiz de ti tecido branco reflector de paz vazia,
Magia,
alegria...
Fiz de ti um grito brando que aquece/arrefece tempinhos sem papel.
Foi em mel a chuva que caiu sobre ti quando giravas ao sol,
Foi sonhando que encontraste o ritmo que te dei/me deste,
Fizeste gotas de algodão claro,
É doce e não paro, de querer, de prová-lo...
Quiseste escutar maresia dourada, mais ninguém ouviu,
Ouvi-te eu estafada, cansada,
Lembrada de voos que as tuas asas sempre criaram,
Sempre deixaram que as nuvens beijassem o que tens em prazer humano.
Engano foram as ondas que barulhos te encaixaram.
Deixa-las enrolar e guardar a espuma que deitas, baterem nos rastos que enfeitas. Eu vejo que babo ao teu brilho que ofusca,
Quem busca é flexível ás notas mais limpas, distintas,
Como pintas tu essa ideia sagrada?
De entrada tomo teu sono/meu sono sonhando em ti,
Saltando em teu tema te encontro e retenho,
Não tenho problema,
Não tenho rebanho. Sou só o que tu sorriste sozinha.
Luzinha essa que olhas tem cores atadas?
Não temo que sejam. Despejam na mesma as cores precisas,
Que frisas pintando na tela concisa
Pincelando cociguinhas focadas...
Roda lançada ao suporte que queres,
Roda ritmada à música que fazes,
Roda animada ao mundo que trazes...


Miguel Ângelo

sábado, outubro 22, 2005


Santa Ignorância,
Tu que reinas nessas caixas abertas. . . . foge e não te fiques, não te expliques....


eles n sabem nd.

Miguel Ângelo

quinta-feira, outubro 20, 2005



Um dia parei, caí.
Não vi, esperei,
Não viram...
Um dia parei,
Depois voltei a cair,
Não vi, não esperei,
Não dei conta e fui mirado,
Fui por eles puxado ao sabor dos olhos,
Ao sabor de quem anda...
Um dia não parei, encontrei-te,
Eu vi-te, continuei.
Câmaras ocultas mexeram ansiosas pelo rebatimento dos planos.
Tracei ondulares com o sujo do meu arrasto,
Limpaste perto com sola nova do dia anterior,
Estavas por traz,
Estavas a cor. Eu fui esbranquiçado pelo caminho pintado que passava em tua frente
Bati tambores até que os pés não parassem, virassem, travassem...
Um dia não parei de novo
A gravidade subiu, sorrio,
Deixou que o meu peso passasse, transpirasse de cheiros e líquidos que o olho que viu bebeu comeu fugiu.
Um dia parei, caí.
Não vi, esperei,
Não viram...
Mais não pude
Mais eu quis.
Outro gritou, outro ralhou, outro prendeu-me ás correntes da pressa.
Tentei,
Avancei,
Caí e rasguei,
Foi já noite e sangrei,
Fui mirado?
ninguém...
Foi já tarde que alguém percebeu,
Morei no tempo, parei e caí...



Miguel Ângelo

quarta-feira, outubro 19, 2005




Brejeiro...
Era assim ele que olhava, era assim maroto que ouvia. Era o brejeiro.
Um dia deparei-me com o brejeiro e lá estava ele a bramar de costas p'ra mim, virado p'ró mar. Esperando "colher" sereias colegas de outras meninas, de outras tão cegas, de outras felinas, o brejeiro e o seu comparsa.
Babando
Caindo
Sonhando
Tentando
O Brejeiro ia conseguindo, era por ele e pelo bando, que por mais pedindo extinção lá iam eles secando.
De alma e coração, com a "vergonha" na mão o brejeiro disse um não!
Foi cair de boca no chão, foi ter à extremidade (também já estava na idade), coitadinho do comparsa, sem pessoa aquela farsa. Decadente, a expectar que o Brejeiro volte a "cantar".
De surpresa foi mudar, foi compor-se, foi dançar...

"E só não muda quem está morto", li eu num outro "posto", sem idade nem vontade, sem vaidade disse verdade...



Miguel Ângelo

terça-feira, outubro 18, 2005




Matei sem querer...
Perdi-me.
Arrepiei-me sozinha,
Arrepiei-me franzindo o berço que nos transporta, se importa, me corta de vento que uiva sozinho pintado,
Me corta de tempo passado em limão,
Se importa ou não
É meu,
É perdão. É MEDO rapado no branco dos olhos
Que racha,
Que encaixa
Que ensaia de caixa na mão,
que é porco
e ENTÃO?...
Se é preto e me cega...
Se são restos de frases...
São fases, os cartazes que faço por ti, pra mim...
Misturo o silêncio às vozes que vejo e prevejo...
Sozinha me beijo,
Sozinho te vejo
Te mato e tenho medo...
Era cedo e o sangue saltou,
Regou-me de fraquezas que os olhos não tinham,
Furou-te a saliva que um dia gastas-te...
Afasta e divide o ódio que temo.
Desculpa antecipei-me,
Encontrei-me
Levantei-me,
Afiei-me no gavetão sem luz e ansiedade,
Pedindo felicidade calquei-te até espremer,
Foi roxo até doer
Até querer
Até que um parasita dos confins, faz parar tal cozinhado,
Cozido,

Queimado........



Miguel Ângelo

quarta-feira, outubro 12, 2005




Nasce o sol que afogenta os seres escondidos de sombras e tempos que a noite traçou, e os lençois sabem a mentol...
Depois do abafo das cores que a lua alta e escondida deixou para que a força fosse perfeita,
depois do intenso grito que A ousadia desejou,
depois de uma luzinha inegualável ter emigrado de prazer, dançando molhada, escorregando deitada, beijando fechada, gritando calada, esperando que o tempo não urgi-se.
Pelas rugas mais decadentes da janela do lugar, a luz entra sem perguntar.
A mesma rasga um sorriso no enocente, que abre de mansinhu as palpebras soadas de alegria.
O outro, perde as palpebras no escuro do silêncio. Não dá conta que a emoção trouxe um passo do visinho.
Uma nova luz,
um novo deslizar,
Novos sons que os dois ouviram cantar, e os lençois sabem a mentol...


Miguel Ângelo

terça-feira, outubro 11, 2005




São cores verdadeiras, as que tenho na mão.....

Miguel Ângelo

domingo, outubro 09, 2005



Cortar-me-ei em postas e deixarei que me comas.........

Miguel Ângelo


quarta-feira, outubro 05, 2005



E quando uma grande bola escura não para de rodopiar?...
Ela vem rebolando,
Deitando meu ego ela vem destruindo.
Não sabe, rebola.
É bola que cola e custa sair,
É bola que molha e custa secar,
A bola esmigalha
A minha malha que sem linhas cozi,
A minha malha que sempre vesti, despi.
Que anexo de bola que roda e que enche
Que farta, desenche.
Que vai e que fica sentada,
Cruzada apertada sugando fiozinhos de luz.
Guiada ou guiando a bola prossegue,
Despede e despista
Sem despir o cendal que fede de censo, incenso.
E podre de se enunciar,
" tapadeira " de sonhar, porque o mar não sabe.
Porque a bola rebola, e se voa não fica p'ra bica que à tanto planeou.
São envios "negrões",
Tufões.
É a bola que faz esta cena de "paz",
Que um dia um rapaz...

(tenciona pintar...)

Miguel Ângelo

domingo, outubro 02, 2005



É mais cedo agora que ontem de madrugada.
É mais cedo hoje ver-te tentar, penetrar o verde mais visto,
É mais cedo hoje a viagem absurda que me faz estar perto da distância que nos agarra,
É certo que sou semente, és semente inchada mais longe que eu.
Doeu.
Doeu.
Doeu sentir-te chegar e ver meus olhos fecharem,
Doeu olhar entre mim quando iludi o ideal.
Hoje é cedo e tu não me activas,
Não me cativas com qualquer espessura que tenhas comprado.
É certo que sou semente mas,
Subo até onde alguém me levar,
Ou subo sozinho explodindo o vermelho
Que a dor me trouxe, que eu me fosse.
Espalha-me em ti…
Não no quintal
Não no jornal
Não aos olhos de quem tem véu de ignorância.
Não sejas sublime e deixa-me cantar,
Cantar de gritos nunca antes aceites,
MAS HOJE É CEDO…
E onde estás medo? Eu não cedo ao medo por mais negro que seja,
Por mais grande que veja,
Não me aleija faca torta sempre ao dia limada.
Dá-me flores…
Dá-me flor,
Dá-me cor,
Dá-me amor ao caule que tenho.
Dá-me cedo o que tarde trouxeste…

Miguel Ângelo


sábado, outubro 01, 2005



Arranca-me tempo…
Arranca-me luz…
Arranca-me gritos que um dia farão eco nas caixas vazias que teimas vazar,
Que teimas mostrar.
Porque me arrancas mais se o menos já se foi?
Porque não esperas que o sangue vá na corrente que agora fizeste saltar?
Mata-me menos.
Porque me cansas de esperanças bicudas?
Porque te afias? Porque me afias tanto se no entanto não sabes de onde vieste?
Porque é que trouxeste essa peste pintada de velho?
Não sei mais de passos um dia mais limpos,
Não sei mais letras um dia mais juntas,
Não sei mais de nada que um dia quis tudo.
Mata-me menos…
Ao menos pensa na forma da norma da tua violência,
Coerência,
Preferência…
Ao menos mata-me só…
Não dês facadinhas lembradas de antes…

Miguel Ângelo