Miguel Ângelo

Quem sou eu

sexta-feira, outubro 28, 2005






Os ponteiros tanto andam, e as horas são chamadas,
Ruídos
Fumos
Dentes
Pés
E é tudo o que rodeia.
O que enrola desenrola
O que beija já despeja
E o que vive já não vive
Porque o choro já não é!
Já não é já não vê,
Já não tem já não quer.
Ele caí ela tropeça
E o sangue não derrama,
Já não chove o sol fugiu
Foi um pedaço de vida.
Já não sei foi quem subiu
Foi a escada descida.
A porta à pouco bateu
E o desejo foi cumprido,
Sem um grito ´
Sem um tiro
Sem puxar o que prefiro.
Sem cabeça
Sem um treino
Sem cadeira de reino.
Ele cai ela tropeça
E o sangue não derrama,
Já não chove o sol fugiu
Foi um pedaço de vida.
O relógio apitou
O céu tem que se apressar,
Um roteiro de cansaço
Um estranho a vaguear,
Quando o banco está sozinho
É p'ra desconfiar,
Já não senta
Já não olha
Já não pode sonhar.
Se está sujo
Se está velho
Já não tem que saber,
Dobra a esquina e acelera
O trajecto é prazer.
Ele cai ela tropeça
E o sangue derrama,
Já não chove o sol fugiu
Foi um pedaço de vida.

Miguel Ângelo




pego no tempo baralhado pronto para repartir,
repartem.se as horas e os minutos fogem...
toca.se no momento de ninguém, desfiado, e soprado ao gosto de alguém.
abre.se de sangue o feicho partido que o peito pediu,
une.se a distância que os pés separavam numa junção de movimentos:
movimentos que começam,
movimentos que viajam,
movimentos que conhecem,
movimentos que magoam,
movimentos que enrolam,
movimentos perdidos de espectadores iluminados com meias luzes,
movimentos que se unem,
movimentos que um dia param!



Miguel Ângelo