Miguel Ângelo

Quem sou eu

domingo, outubro 02, 2005



É mais cedo agora que ontem de madrugada.
É mais cedo hoje ver-te tentar, penetrar o verde mais visto,
É mais cedo hoje a viagem absurda que me faz estar perto da distância que nos agarra,
É certo que sou semente, és semente inchada mais longe que eu.
Doeu.
Doeu.
Doeu sentir-te chegar e ver meus olhos fecharem,
Doeu olhar entre mim quando iludi o ideal.
Hoje é cedo e tu não me activas,
Não me cativas com qualquer espessura que tenhas comprado.
É certo que sou semente mas,
Subo até onde alguém me levar,
Ou subo sozinho explodindo o vermelho
Que a dor me trouxe, que eu me fosse.
Espalha-me em ti…
Não no quintal
Não no jornal
Não aos olhos de quem tem véu de ignorância.
Não sejas sublime e deixa-me cantar,
Cantar de gritos nunca antes aceites,
MAS HOJE É CEDO…
E onde estás medo? Eu não cedo ao medo por mais negro que seja,
Por mais grande que veja,
Não me aleija faca torta sempre ao dia limada.
Dá-me flores…
Dá-me flor,
Dá-me cor,
Dá-me amor ao caule que tenho.
Dá-me cedo o que tarde trouxeste…

Miguel Ângelo