Miguel Ângelo

Quem sou eu

domingo, março 05, 2006



Juro que anseio a colagem de nós,
Que quero que digas que o tempo é só nosso,
Que os homens se perdem e se morrem p’ra outros felizes.
Que as pernas se cruzem e deixem migalhas que brilham,
Que as pernas se cruzem e façam explodir.
Partam o azeite que me enjoa o caminho, te enjoa,
Que unam talheres a uma refeição desejada. Temperos de sempre,
Dissabores.

A janela do meu quarto já não abre igualmente, cada porta molhada mede mais que as que secam,
Cada cama que molho são pedaços de ti,
São pedaços de luz que a janela me rouba,
São pedaços de escuros caindo, nevando no corpo que deixas.
Quando me acordo já não sei voltar,
Já não me lembro do sol,
Já só recordo a primeira vez.
Quando te acordo, vejo e beijo a delicia do mistério,
Vou ao fundo saciado no sonho,
Encontrei-o no culto do sono,
Foram risos de esperança,
Lembranças ambíguas à saudade.

Minutos de segredo nos dedos que tenho,
Não venho p'ra sempre nem p'ra outro bocado,
Venho p'ra vida que tenho nos olhos,
Nos teus olhos.

Depois de saber onde estou,
Perdi-me.
Lembrei-me do longo, langa, lenga, de amor que envolvo por ti.
Lembrei-me do BUM BIM BAM daquilo que senti.
Eu sinto a minha hora passada, sinto que passas e que me passaste,
Roubaste.
Corta-me setas que enleio,
Corta-me muito mas cola-me demais.
Cola-te a mim.
O teu passo está tão longe do meu,
Mas o corpo resolve e formamos segredos.
São coisas complicadas as que vejo por ti...

No dia que não me faltares...
Não voltes.
És o contrário de nada... Porque as palavras são difíceis.





Miguel Ângelo