Miguel Ângelo

Quem sou eu

sexta-feira, dezembro 14, 2007



Paradoxos interrompidos durante a vertigem.
Sobre a corda que montaste os passos são desfocados, sinto a sola dos sapatos que não tenho, abro os olhos p’ralém do hábito, desencontro-me. Esta não é a minha casa, e a resistência sai-me nas gotas da testa, abri os braços a espera que o tempo me segurasse, olho para baixo, a ausência da vertigem terminou.
Paras tu e eu contigo, surge o desequilíbrio e a noção de lugar fica de fora.
O medo cai-me nos bolsos, os meus movimentos áridos tornam-se fundamentais à sobrevivência, o chapéu já me caiu, e os meus cabelos insípidos podem tornar-se bailados. A escrita deste caminho, sobre o fino solo sem lados nem fundo projecta salgados que me escorrem no rosto, cada contracção parece deixar-me agradecido, balanços na máxima incerteza distraem o “teu” caminho e cozem-me à chegada.





Miguel Ângelo

4 comentários:

Anônimo disse...

Esta escritura está, diria eu, um pouco "desfocada". Custei a percebê-la, apesar de curto o texto.

Nestes casos fico sem saber se escreves como Sujeito ou como Miguel, mas penso que é aí que reside a essência da coisa. Fico extasiado quando leio algo que é necessário reler, uma, duas, e não me canso se três, vezes.

Agora se escreves como Sujeito, ainda que com muito de ti, parabéns, excepcional. Se escreves como Miguel, ainda que com muito de um Sujeito, parabéns também, excepcional na mesma. Apenas, quer num caso, quer no outro, me deixas com uma certa curiosidade, vai nessa cabeça muito que não transparece, andas a ver o mundo com um formato especial. Fantástico!

Sublime, como sempre, não me canso de te elogiar. Quanto à foto, gostei do pormenor desenquadrado, bastante original.

E quando comento um blogue, gosto de contrapôr informação, de chocar pela diferença, de criticar instintivamente - são os melhores comentários - porém, nada me vem à cabeça: à excepção, talvez, do acento tónico em "abri os braços À espera". Mas, claro, que isto nem sequer te faça pensar, que isto não te atrapalhe, e de modo a mostrares indiferença a este pequeno comentário, peço que o ignores e que deixes o post como está!

Só um pequeno senão: vê se aprendes a meter feeds no teu blogue - tenho pouca paciência para abrir o internet explorer e digitar o nome do teu blogue, que, apenas e só - acredita - ainda não coloquei nos favoritos por preguiça.

Post-Scriptum (assim é com muito mais chá do que P.S., admita-se): passo, ocasionalmente, pelo teu Hi5 e, mais uma vez te gabo. Fotografias fantásticas. Sensualismo, originalidade, inspiração. Tudo. Nada a anotar. Gosto especialmente dos croquis. Artista, sem palavras: daqueles que esboçam a vida em guardanapos de café, e que não exitam e jogá-los fora, com uma certeza irremediável de que, da próxima, sai melhor. Absolutamente fantástico, tenho fé de que um dia me invejem por te ter conhecido - muito pouco, mas incrivelmente invejável.

Dezembro de 2007
F.Lima

Anônimo disse...

eu diria uma tela de francis bacon.

m

Anônimo disse...

Consegues sempre "Cozer-me" com os finais.

As tuas conclusoes arrebatam a dissonância e acabam com uma leveza quase enexoravél....Chicoteias me com seda




Queres jantar comigo?

Anônimo disse...

olhas como que atravez de mim...
e finges ignorar.
mas sei que viste que preciso de ti.
enqunto abre-se a cal e vejo-te de longe, nao quero interferir no teu plano
dá-me tempo eu dou-te uma chavena e pomos tudo em pratos limpos...
...sem correrias, sem metaforas, sem imagens, apenas tu e eu, numa mesa, frente a frente (como antigamente).
vamos tentar recriar as nossas sinfonias de gritos.
eu prometo que me visto a rigor e nao me esqueço de qualquer pormenor.
sinto a tua falta.
quero oivir sobre os teus grandes feitos, e falar dos meus miseros susseços.
poder abraçar-te denovo, com a mesma inocencia de antigamete, mesmo sem emulção brincavamos sobre a morte, flavamos de sonhos sem fim, feridas que nos alegravam e sobre as nossas divergencias que pareciam nos afastavam num abraço que quebrava as horas que nos regiam.
vem comigo e nao tenhas medo, vamos voltar a ser crianças destemidas.